O ministro dos
Negócios Estrangeiros português foi obrigado a aterrar o seu avião nos
Barbados, depois de ver recusada a escala técnica em várias capitais dos países
da América do Sul, no regresso da sua viagem oficial ao congresso
Atlântico-Pacífico, que decorreu de segunda-feira até ontem, em Los Angeles
(EUA).
À aterragem seguiu-se
uma revista minuciosa de todo o pessoal diplomático, bem como à verificação das
suas identidades. A insólita atitude das autoridades dos vários países
latino-americanos, bem como do governo dos Barbados deve-se a uma propalada
suspeita de seguir a bordo da aeronave oficial um suspeito do cartel da droga
de Juarez, que viajaria a convite de membros do corpo diplomático português.
O ministro português,
que ficou 17 horas confinado ao espaço do aeroporto, qualificou a atitude do
governo da ilha das Caraíbas como de «regresso dos flibusteiros». Um membro da
comitiva não se coibiu de dizer que se o incidente ocorresse com o avião
presidencial dos Estados Unidos era caso para um «incidente bélico».
O assunto está a ser
seguido com preocupação pela Comissão de Bruxelas, que espera uma atitude de
repulsa «inequívoca» por parte de toda a União Europeia. Um programa de
retaliações está em estudo e não se afasta a hipótese de colocar Barbados sobre
«quarentena aérea».
Aguardam-se, por outro
lado, desculpas formais das embaixadas dos demais países que se opuseram a que
a aeronave fizesse escala técnica no regresso a Lisboa. «O clima é tenso» -
afirmou uma fonte qualificada da UE.
O que aqui se ficciona
como tendo ocorrido com um ministro dos Negócios Estrangeiros português,
ocorreu realmente com o Presidente da Bolívia, Evo Morales. O incidente deu-se
há quatro dias e, apesar dos protestos diplomáticos e do pedido de
esclarecimento solicitado na Assembleia da República por deputados do PS, do
PCP e do BE, a resposta do governo português continua a ser de que a recusa de
assistência em escala técnica deveu-se a «razões técnicas».
Segundo
um despacho da Lusa de 4/7/13, o MNE confirmou, quarta-feira, ter cancelado por
«considerações técnicas» o sobrevoo de Portugal e aterragem em Lisboa do avião
do Presidente da Bolívia, Evo Morales, na segunda-feira à tarde. O MNE
acrescentou que a interdição de sobrevoo do espaço aéreo português foi
levantada às 21h10 do mesmo dia, mantendo-se no entanto a interdição de
aterragem em escala «por considerações técnicas».
Vários presidentes
latino-americanos, entre eles a Presidente do Brasil, reclamam «desculpas
formais», por parte de Portugal, bem como da Espanha, Itália e França, países
que também fecharam o espaço aéreo ao avião presidencial boliviano.
António Melo
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