quarta-feira, 3 de julho de 2013

10 habitantes na ilha, ninguém sai de lá, um é o assassino

Na prateleira da cozinha há 10 estatuetas de negrinhos e um poema:

Dez negrinhos vão jantar antes que chova;
Um deles engasgou-se e ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon em charrete;
Um não quis voltar, e ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, ai
Um deles corta-se, e ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e ficaram cinco.
Cinco negrinhos no fórum, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e ficaram três.
Três negrinhos passeando no zoo. E depois?
O urso abraçou um, e ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles queimou-se, e ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Então enforcou-se, e não sobrou nenhum.

Agatha Christie, inAs dez figuras negras
 
 
Há metáforas que entram pelos olhos adentro, já os enigmas são mais difíceis de desvendar.
Quem é o ‘criminoso’ nesta estória?
Gaspar levou os dossiês consigo para Bruxelas ou entregou-os à sua sucessora?
O que sabe Wolfgang  Schäuble do estado das finanças portuguesas?
Tem informação privilegiada e em 1ª mão, mesmo antes de ler os relatórios da troika?
O prolongamento agónico do XIX Governo tem a ver com alguma privatização encalhada num gabinete de advogados, que reclama comissões, ou num investidor que quer contrapartidas?
O secretário de Estado Paulo Núncio vai fazer como fez Paulo Portas quando este deixou a pasta da Defesa, no governo de Santana Lopes, e fotocopiar todos os dossiês?
De onde vieram as ordens para proibir a escala do avião presidencial boliviano, com o Presidente Evo Morales a bordo – do ministro dos Negócios Estrangeiros ou do 1º ministro?
Ou da embaixada dos Estados Unidos?
Que peça falta para desfazer o enigma e onde está?
Em Bruxelas, em Berlim, em Washington?
O melhor será procurá-la em Lisboa, talvez entre Belém e São Bento tudo se encaixe.
 
António Melo

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