Dez negrinhos vão
jantar antes que chova;
Um deles engasgou-se e
ficaram nove.
Nove negrinhos sem
dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono,
e ficaram oito.
Oito negrinhos vão a
Devon em charrete;
Um não quis voltar, e
ficaram sete.
Sete negrinhos vão
rachar lenha, ai
Um deles corta-se, e
ficaram seis.
Seis negrinhos de uma
colmeia fazem brinco;
A um pica uma abelha,
e ficaram cinco.
Cinco negrinhos no
fórum, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e
ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no
mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e
ficaram três.
Três negrinhos
passeando no zoo. E depois?
O urso abraçou um, e
ficaram dois.
Dois negrinhos
brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles queimou-se, e
ficou só um.
Um negrinho aqui está
a sós, apenas um;
Então enforcou-se, e
não sobrou nenhum.
Agatha Christie, in
“As dez figuras negras”
Há metáforas que
entram pelos olhos adentro, já os enigmas são mais difíceis de desvendar.
Quem é o ‘criminoso’
nesta estória?
Gaspar levou os
dossiês consigo para Bruxelas ou entregou-os à sua sucessora?
O que sabe
Wolfgang Schäuble do estado das finanças
portuguesas?
Tem informação
privilegiada e em 1ª mão, mesmo antes de ler os relatórios da troika?
O prolongamento
agónico do XIX Governo tem a ver com alguma privatização encalhada num gabinete
de advogados, que reclama comissões, ou num investidor que quer contrapartidas?
O secretário de Estado
Paulo Núncio vai fazer como fez Paulo Portas quando este deixou a pasta da
Defesa, no governo de Santana Lopes, e fotocopiar todos os dossiês?
De onde vieram as
ordens para proibir a escala do avião presidencial boliviano, com o Presidente
Evo Morales a bordo – do ministro dos Negócios Estrangeiros ou do 1º ministro?
Ou da embaixada dos
Estados Unidos?
Que peça falta para
desfazer o enigma e onde está?
Em Bruxelas, em
Berlim, em Washington?
O melhor será procurá-la
em Lisboa, talvez entre Belém e São Bento tudo se encaixe.
António Melo
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