O capitão Jonathan
Tinha então 18 anos,
Capturou um dia um
pelicano,
Numa ilha do
Extremo-Oriente.
O pelicano de Jonathan
Pela manhã, pôs um ovo
todo branco
Donde saiu,
inevitavelmente,
Um outro, que fez
outro tanto.
Isto pode durar por
muito tempo,
Se não se fizer
omeleta entretanto.
Robert Desnos (1900-1945), in Chantefables
Chover no molhado, em
tempo de canícula não é esforço desperdiçado. Veja-se o que aconteceu ao ministro
Gaspar que de armas e bagagens regressa a Bruxelas, ainda não se escoaram os
ecos da Greve Geral. Sucedeu-lhe uma loura senhora, diáfana e distante, que aos
46 anos permanece a ingénua menina da 1ª comunhão, que nada sabe nem nada viu
de escandaloso na Refer, nem em outra empresa pública, apesar de há dois anos
ser a governanta da tutela e da respectiva privatização.
Swap, swap, troca, troca, sem ver
nem ouvir, que mulher honrada não tem ouvidos, lá vai subindo e já é a nº 3 do
XIX Governo. O único risco que parece correr é que o apetite faça o capitão
Jonathan partir os ovos e fazer uma monumental omeleta de tanto fartar
vilanagem.
É pouco provável que
esse apetite surja de Belém, virá antes de uma rabanada de ar puro que limpe o
terreiro de São Bento. Para isso, são precisas mãos possantes e unidas a varrer
a lixeira que se foi acumulando por ruas e ruelas que vão dos especuladores da
Bolsa aos espertalhões dos bolsos sem fundo.
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