terça-feira, 2 de julho de 2013

A história do pelicano, que também podia ser um coelho

O capitão Jonathan
Tinha então 18 anos,
Capturou um dia um pelicano,
Numa ilha do Extremo-Oriente.
O pelicano de Jonathan
Pela manhã, pôs um ovo todo branco
Donde saiu, inevitavelmente,
Um outro, que fez outro tanto.
Isto pode durar por muito tempo,
Se não se fizer omeleta entretanto.
Robert Desnos (1900-1945), in Chantefables
Chover no molhado, em tempo de canícula não é esforço desperdiçado. Veja-se o que aconteceu ao ministro Gaspar que de armas e bagagens regressa a Bruxelas, ainda não se escoaram os ecos da Greve Geral. Sucedeu-lhe uma loura senhora, diáfana e distante, que aos 46 anos permanece a ingénua menina da 1ª comunhão, que nada sabe nem nada viu de escandaloso na Refer, nem em outra empresa pública, apesar de há dois anos ser a governanta da tutela e da respectiva privatização.
Swap, swap, troca, troca, sem ver nem ouvir, que mulher honrada não tem ouvidos, lá vai subindo e já é a nº 3 do XIX Governo. O único risco que parece correr é que o apetite faça o capitão Jonathan partir os ovos e fazer uma monumental omeleta de tanto fartar vilanagem.
É pouco provável que esse apetite surja de Belém, virá antes de uma rabanada de ar puro que limpe o terreiro de São Bento. Para isso, são precisas mãos possantes e unidas a varrer a lixeira que se foi acumulando por ruas e ruelas que vão dos especuladores da Bolsa aos espertalhões dos bolsos sem fundo.
 António Melo
 
 
 
 
 
 
 

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