quarta-feira, 3 de julho de 2013

Milionários – a ajuda indispensável


Sabe-se que sem ricos não há pobres. Apesar das adversidades internas e externas o XIX Governo manteve o rumo. Com Passos Coelho ao leme e Cavaco Silva a bombordo, logrou fazer crescer as grandes fortunas nacionais.
É o que sem margem para dúvidas atesta o Diário de Notícias na sua edição de 30/6/13. Nos anos anteriores houve alguma turbulência e todos nos lembramos da choradeira que por aí foi sobre a pobreza dos ricos. A normalidade voltou, felizmente (para eles).
 
 
 
Naturalmente que houve que proceder a acertos e se «o número de milionários subiu 3,4% no ano passado e está a caminho dos 11 mil portugueses com mais de um milhão de dólares», como diz o Jornal Económico na sua edição de 25/6/13, foi preciso «sacar mais 38% de IRS a cada trabalhador», como titulou o jornal i, na edição de 27/6/13.
Filipe Paiva Cardoso, o jornalista que trabalhou esta matéria, explicou como se chegou a esta percentagem:

«A paixão pela austeridade e o desejo de ir “além da troika” alimentado pelo governo intensificou a recessão de tal forma que as receitas fiscais entraram em colapso, obrigando o executivo a mudar de estratégia e a concentrar baterias no IRS - imposto que, ao contrário dos outros, é quase impossível de evitar.
O resultado deste cerco ao IRS pode ser agora avaliado com mais profundidade: o Estado já arrecadou mais 37,4% com cada trabalhador em Portugal que em 2012, valor que explode até aos 62,2% se compararmos com 2011.»

Porém, nem tudo são rosas e há um espinho que pica as herdeiras do Banif, que contrataram o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, e um banqueiro bem relacionado com os gabinetes ministeriais, Jorge Tomé, para lhes tratar dos negócios.
Ainda não se sabe o fim do folhetim, mas o certo é que o Estado português, ou seja, todos nós, já enterrou – literalmente – 1,1 mil milhões de euros neste banco, a fim de o recapitalizar.
O Eurostat não confia na recuperação do Banif e incluiu nas despesas do Orçamento de Estado para 2013 a fatia de 700 milhões de euros, com grande aborrecimento do economista Cavaco Silva, que explicou que aquele dinheiro era de retorno seguro e a juros altos. Deve ser como no BPN.
 
Um outro economista, Pedro Lains, no seu blog http://pedrolains.typepad.com/, ironizou com esta pouco crível recuperação do Baah, Nif, de «valor equivalente ao ‘chumbo’ do Tribunal Constitucional e a duas ou três ‘TSU dos pensionistas’», e, sempre a chalacear, assegura que está «tudo bem, até porque o Estado vai ‘recuperar o dinheiro’» e no final Bruxelas verá que errou.

Em conclusão: «Vão ser cobrados ao banco juros de 8 ou 10% (perdi o rasto à loucura), mas isso nem interessa muito pois este arranjará maneira de pagar», seja como for, sendo que o mais provável seja colocando o “empréstimo” de 1,1 mil milhões na rubrica da dívida pública.
Haja respeito pelos credores, dizia o ex-ministro Gaspar, em coro com o 1º ministro. Também acho.

António Melo  

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