Registo de leituras
Os jornais deste
fim-de-semana alinharam sem exceção pelo padrão do castigo a quem se porta mal.
Os mal comportados são, obviamente, os portugueses sem contas bancárias acima
dos cem mil euros.
O Expresso, o de maior influência política nos cafés e nas praias,
foi o que levou mais longe este medo dos fantasmas.
Num artigo de p. 3,
que traz a assinatura do diretor, Ricardo Costa, e de um “sénior” em questões
europeias, Daniel do Rosário, abre-se a torneira das fontes nunca citadas.
É de tal modo uma
prosa feita à mesa da redação, com o telefone ligado «a uma fonte» que merece
ser reproduzido.
Lá para o fim vem o
nome de Durão Barroso a estender, ríspido, o dedo ao PS, mas nem isso é notícia
– trata-se de uma declaração de quarta-feira passada, dia 24,
descontextualizada, a propósito da remodelação governamental.
Na atitude própria a
quem recebe e leva, os dois autores da «Crise trava negociação do défice para
2014», sublinham, na parte final, o sentido da prosa: «Não obstante, o envolvimento
do PS no processo é desejado por Bruxelas: ‘Seria útil’, admite uma fonte
europeia (…)». Sobre o que deixava entender o título, nada de concreto, as negociações com os credores nunca foram
tão difíceis e etc. e tal.
É certo que há bruxas
e bruxos, mas esconde-los atrás de fantasmas evanescentes dá mau resultado, por
definição são transparentes e vê-se a mãozinha que os faz mover.
Basta seguir o carinho
de Passos Coelho pelo «Portugal profundo», a receber a medalha de ouro
municipal em Vila de Rei, Pombal…
Cavaco Silva,
Presidente da República, dá um empurrãozinho para ver se as eleições
autárquicas não são um desastre eleitoral.
A apatia estival
favorece-os. O futuro dos portugueses que vivem do que ganham e das suas
pensões é nebuloso e nem o sol de agosto o dissipa.
Vamos a eles?
António Melo
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