quinta-feira, 18 de julho de 2013

Entendam-se ou Procuram-se?


As negociações da troika nacional – PSD, PS e CDS – estão a pôr nervosos os ricos portugueses. Na estrita defesa do interesse nacional, que confundem com o seu, lançaram um apelo ao «entendimento».
Podiam, com um pouco mais de coragem, pedir o regresso de Marcelo Caetano.
É de sublinhar ser Daniel Bessa o promotor deste «apelo» e não Eduardo Catroga.
A paginação do i merece aplausos.
No i on-line, em encarte, apareceu, a partir do meio-dia, uma notícia que dava conta de que «A jornalista Maria João Avillez rejeita que seja apoiante do manifesto».
Ficou assim a saber-se que foi a fonte do jornal e, em contrapartida, a Jajão ganhou mais uma fotografia no i.

 
Jornal i 18/7/13
Apelo da elite económica aos partidos: entendam-se!
Luís Rosa e Pedro Rainho

Promotores do apelo falam em “contactos com o Presidente da República”, mas Belém nega conhecimento da iniciativa

Um movimento de empresários e gestores, encabeçado pelo economista Daniel Bessa, juntou-se ontem ao coro dos que publicamente tentam forçar o acordo para o "compromisso de salvação nacional" entre PSD, PS e CDS, ao lançar um "apelo aos partidos" para que se “entendam”.
Numa troca de emails entre promotores e alguns dos 20 subscritores, a que o i teve acesso, lê-se que “nestes últimos dias” houve “vários contactos nas áreas do poder, incluindo o Presidente da República”, que tornaram “crucial” a tomada de posição “patriótica”. Além de Daniel Bessa, estão outras personalidades próximas de Cavaco Silva (caso de José Miguel Júdice), o que lançaria a dúvida sobre um patrocínio de Cavaco ao apelo.
Belém nega, no entanto, qualquer intervenção ou conhecimento da iniciativa. “Houve contactos em vários momentos” entre alguns dos subscritores e o Presidente da República, e “muitos deles têm procurado transmitir essa ideia à Presidência”, reconhece fonte de Belém. A recente conferência com economistas sobre o pós-troika ou as audiências pedidas a Cavaco Silva por algumas personalidades que assinam o apelo foram os momentos de “contacto”, mas a mesma fonte acrescenta estar “a constatar agora” a divulgação da iniciativa.
“Temos perfeita consciência de que este apelo terá de sair hoje [quarta-feira]. Hoje à tarde/noite, jogar-se-á o acordo [entre os três partidos]. Ou vai ou racha!”, podia ler-se na mensagem enviada aos ainda possíveis subscritores para sublinhar a necessidade de que o apelo fosse divulgado ainda ontem. No texto do apelo, os promotores reconhecem que, passados dois anos da assinatura do Memorando, houve “alguns resultados positivos” (a nível externo), “objectivos que não foram cumpridos” (nas finanças públicas e nas reformas estruturais) e medidas que deixaram “um rasto de sofrimento (de que o desemprego constitui o exemplo maior)”.
 
 
Mas por recear que os partidos “não cheguem a acordo, em prejuízo de todos nós”, e porque “o tempo não é de recuar mas de avançar”, os subscritores deixam a mensagem aos responsáveis políticos: “Entendam-se, nos termos que só os próprios determinarão, condicionados, para que o exercício cumpra os objectivos pretendidos, ao acordo das entidades que hoje nos financiam” - pelo menos até regresso a um financiamento livre nos mercados.
Entre os 20 subscritores finais, estão, além de Bessa, Francisco van Zeller, José Manuel Morais Cabral e João Talone. Morais Cabral disse ao i que “a regra desta iniciativa era que fosse colectiva e aberta, e o ponto comum dos signatários (estes e os que se juntarem) é este Apelo. Qualquer comentário individual destrói essa regra”. O i tentou, sem sucesso, contactar outros subscritores.
 
Maria João Avillez não apoia movimento de apelo
 
A jornalista Maria João Avillez rejeita que seja apoiante do manifesto que ontem vários economistas e gestores lançaram aos partidos para alcançarem um acordo de compromisso de salvação nacional.
Esse manifesto foi revelado em exclusivo pelo i, de acordo com documentação a que jornal teve acesso. 
Contudo, Avillez, em declarações ao i, revelou que não é apoiante desse manifesto.
O jornal i lamenta o sucedido e apresenta as suas desculpas a Maria João Avillez.
 
por ANTÓNIO MELO

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