As negociações da troika
nacional – PSD, PS e CDS – estão a pôr nervosos os ricos portugueses. Na
estrita defesa do interesse nacional, que confundem com o seu, lançaram um
apelo ao «entendimento».
Podiam, com um pouco mais de coragem, pedir o regresso de
Marcelo Caetano.
É de sublinhar ser Daniel Bessa o promotor deste «apelo» e
não Eduardo Catroga.
A paginação do i
merece aplausos.
No i on-line, em
encarte, apareceu, a partir do meio-dia, uma notícia que dava conta de que «A
jornalista Maria João Avillez rejeita que seja apoiante do manifesto».
Ficou assim a saber-se que foi a fonte do jornal e, em
contrapartida, a Jajão ganhou mais uma fotografia no i.
Apelo da elite económica aos partidos: entendam-se!
Luís Rosa e Pedro Rainho
Promotores do apelo falam em “contactos com o Presidente da República”, mas Belém nega conhecimento da iniciativa
Um movimento de
empresários e gestores, encabeçado pelo economista Daniel Bessa, juntou-se
ontem ao coro dos que publicamente tentam forçar o acordo para o
"compromisso de salvação nacional" entre PSD, PS e CDS, ao lançar um
"apelo aos partidos" para que se “entendam”.
Numa troca de emails entre promotores e alguns dos 20
subscritores, a que o i teve acesso, lê-se que “nestes últimos dias” houve “vários
contactos nas áreas do poder, incluindo o Presidente da República”, que
tornaram “crucial” a tomada de posição “patriótica”. Além de Daniel Bessa,
estão outras personalidades próximas de Cavaco Silva (caso de José Miguel
Júdice), o que lançaria a dúvida sobre um patrocínio de Cavaco ao apelo.
Belém nega, no
entanto, qualquer intervenção ou conhecimento da iniciativa. “Houve contactos
em vários momentos” entre alguns dos subscritores e o Presidente da República,
e “muitos deles têm procurado transmitir essa ideia à Presidência”, reconhece
fonte de Belém. A recente conferência com economistas sobre o pós-troika ou as audiências pedidas a Cavaco
Silva por algumas personalidades que assinam o apelo foram os momentos de “contacto”,
mas a mesma fonte acrescenta estar “a constatar agora” a divulgação da
iniciativa.
“Temos
perfeita consciência de que este apelo terá de sair hoje [quarta-feira]. Hoje à
tarde/noite, jogar-se-á o acordo [entre os três partidos]. Ou vai ou racha!”,
podia ler-se na mensagem enviada aos ainda possíveis subscritores para
sublinhar a necessidade de que o apelo fosse divulgado ainda ontem. No texto do
apelo, os promotores reconhecem que, passados dois anos da assinatura do
Memorando, houve “alguns resultados positivos” (a nível externo), “objectivos
que não foram cumpridos” (nas finanças públicas e nas reformas estruturais) e
medidas que deixaram “um rasto de sofrimento (de que o desemprego constitui o
exemplo maior)”.
Mas por recear que os
partidos “não cheguem a acordo, em prejuízo de todos nós”, e porque “o tempo
não é de recuar mas de avançar”, os subscritores deixam a mensagem aos
responsáveis políticos: “Entendam-se, nos termos que só os próprios
determinarão, condicionados, para que o exercício cumpra os objectivos
pretendidos, ao acordo das entidades que hoje nos financiam” - pelo menos até
regresso a um financiamento livre nos mercados.
Entre os 20
subscritores finais, estão, além de Bessa, Francisco van Zeller, José Manuel
Morais Cabral e João Talone. Morais Cabral disse ao i que “a regra desta
iniciativa era que fosse colectiva e aberta, e o ponto comum dos signatários
(estes e os que se juntarem) é este Apelo. Qualquer comentário individual
destrói essa regra”. O i tentou, sem sucesso, contactar outros subscritores.
Maria João Avillez não apoia movimento de apelo
A jornalista Maria
João Avillez rejeita que seja apoiante do manifesto que ontem vários
economistas e gestores lançaram aos partidos para alcançarem um acordo de
compromisso de salvação nacional.
Esse manifesto foi
revelado em exclusivo pelo i, de acordo com documentação a
que jornal teve acesso.
Contudo, Avillez, em
declarações ao i, revelou que não é apoiante desse manifesto.
O jornal i lamenta o
sucedido e apresenta as suas desculpas a Maria João Avillez.
por ANTÓNIO MELO
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