Já aqui falámos deste assunto, mas nunca é de mais alertar para as medidas criminosas que se continuam a tomar, sem que nos apercebamos dos perigos que elas encerram e das consequências que podem vir a ter nas nossas vidas.
Por isso, aqui fica a opinião de Fernando Dacosta. Mais um grito para nos acordar.
Tiro de misericórdia
No
último dia como ministro das Finanças, Vítor Gaspar assinou um decreto que pode
liquidar a vida de, pelo menos, 3 milhões de portugueses. Esse decreto
determina que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (que geria
uma carteira de 10 mil milhões de euros) "terá de adquirir 4,5 mil milhões
de euros de dívida soberana".
Sabendo-se
que o referido fundo foi criado como reserva para assegurar, em caso de colapso
do Estado, os direitos dos reformados, pensionistas, desempregados e afins
durante dois anos (segundo o articulado de lei de bases), o golpe em
perspectiva representa o risco de uma descomunal tragédia entre nós.
Lembremos
que dos rendimentos dos seniores vivem hoje gerações de filhos e netos seus,
sem emprego, sem recursos, sem amparo, sem futuro. Lembremos ainda que os
últimos governos têm sido useiros no desvio de verbas da Segurança Social para
pagamentos de despesas correntes - "o que qualquer medíocre gestor de
fundos sabe que não se deve fazer", comenta, a propósito, Nicolau Santos
no "Expresso".
Em
2010, dos 223,4 milhões de euros que deviam ser transferidos para o fundo em
causa, o executivo apenas entregou 1,3 milhões.
Após
ter semidestruído Portugal economicamente, socialmente, familiarmente, psicologicamente,
com total impunidade e arrogância, Vítor Gaspar deixa, ao escapar-se, apontado
um tiro de misericórdia aos idosos (e não só), depois de os ter desgraçado com
o seu implacável autismo governamental. Sindicatos, partidos, oposições,
igrejas, comentadores, economistas, intelectuais meteram, por sua vez, a viola
no saco ante mais esta infâmia - entretanto, os papagaios de serviço
aterrorizam as populações com a insustentabilidade da Segurança Social.
Fernando
Dacosta, Jornal i online (25
JULHO 2013)
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